domingo, 24 de abril de 2011

AQUARIANO SOBRE OS INFERNOS

Poema Único - Existência

Alar-me-ei
e sobre as chamas sobrevoei os céus
ilhas e desertos
acenam-me
desde a mais baixa terra
ao pico do mais alto monte

De lá
vejo cá
as poluições da fonte
que devia ser eterna
mais não é

E como o condor
alo-me mais e mais
temo tocar o fêbo
e provocar a ira de Deus

Malditas as confições que
afirmam o que não sabem
nem tudo no céu
é terno
doce
como os profetas dizem

Lá e cá
são interligados a tudo
até mesmo a mim
que sem vida
sou simplesmente nada
além da terra que sou

O tempo
se apresenta nas pedras
e eu escavoco o chão
tento me encontrar no berço
por onde os mares dormiram
mais tem sido em vão

Só os vernes se alimentam do pó
mesmo assim
necessitam de vida
inda que seja arrancada do lodo

De todas as nações
se ouve os gemidos da terra
lágrimas e clamores indecifráveis
sangue que se confunde
nos registros da morte

É o fim de um
e o princípio de outro
é a liberdade se algemando
na sua própria mansão
assim como o santo
à sua inevitável cruz

Pairo sobre os mares
e vejo em cada quênio
erros e acertos
em acirrada disputa de licitação

Lá estão os corais parindo vidas
no terno leito
da maternidade eterna
sem imaginarem
que a qualquer momento
as tetônicas poderão liquidá-los

Assim como eu
muitos outros cantam
esse mesmo lamento
só lamento não saberem
a densidade dos corpos

Sou um aquário
desprovido de peixes
e como um peixe sem aquário
me reveso na imensidão dos povos
segredo que a massa não revela
mas sente no seu passo a passo

Espaço
desgastado e triste
no silêncio de cada giro
- Obra bilenária
que a matemática desconhece

É como se a chama
se escondesse nas profundezas
por obediência e fé
aguardando o momento
para a cremação final.

Um comentário:

  1. Pará por alguns momentos, parece até ser um estado brasileiro; coisa que só se reconhece como estado do Brasil, nas calamidades públicas, nas catástrofes da natureza, ou nos batuques musicais do Pinduca. Mas 1001, são as coisas boas que esperamos do Belém do Pará. Não é só o carimbó que alegra o norte, há também um outro braço, laço forte. Fafá! 'Fafá De Belém'.

    Manoel Messias Santos o pensador
    Em 28 / 04 / 2011

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